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sábado, 7 de agosto de 2010

COMO SENTIR OUTRA VEZ O PERFUME DOS LÍRIOS?



Adorável o perfume dos lírios, alguns o exalam ao final da tarde, outros não podemos precisar. Perfumados, uns mais que outros, não importa, pois não altera a sua delicadeza e beleza, são naturalmente lindos, perfeitos e somos felizes em contato com eles.


Ora, mas qual a razão dessa conversa amena, e o que temos, enquanto trabalhadores do judiciário, a ver com isso? Talvez o sentimento de leveza e integração com as coisas que nos parecem tão naturais e dos quais nosso trabalho diário faz parte, mas a questão é que isso nos leva a recordar um desses dias comuns, após o cumprimento de mais uma meta, quando somos acometidos por um sentimento que nos preenche de alegria e espontaneidade na busca por soluções nesse cotidiano laborativo. Pode parecer estranho para alguns, mas há beleza no trabalho e ela se configura na naturalidade e espontaneidade com que nos relacionamos, seja com o colega, com as partes, com o serviço produzido e prestado, enfim, de alguma maneira parece fazer sentido estar ali e produzir.


Sempre cumprimos nossas tarefas, mesmo sem ponto eletrônico a nos fiscalizar entrada e saída do serviço e, a despeito de assumirmos nossas funções sem que a nossa empresa nos capacitasse, mantivemos as engrenagens judiciárias funcionando até hoje com muita alegria. A questão é que não compreendemos como projetos são esboçados para melhorar a prestação jurisdicional, tenta-se impor eficiência e esquece-se de investir no patrimônio humano.


Sabemos que as relações interpessoais no trabalho vêm mudando e lamentamos que estejam mudando para pior. Tentamos enxergar onde e em que parte dessa engrenagem precisa-se ajustar para o surgimento de um Judiciário moderno, com uma mentalidade holística, onde a prestação de serviços seja de ponta e os servidores valorizados. Porém, o que está colocado apenas disfarça uma mentalidade preconceituosa dos que estão empoderados. Percebemos a reafirmação de posturas administrativamente arcaicas e capitalistas, onde o capital humano é o de menor valor.


Recentemente chegou ao nosso conhecimento, um caso assombroso de assédio moral praticado contra uma servidora, titular de cartório, cujas condições de trabalho foram usurpadas, após sofrer investidas do terror psicológico contra ela perpetrado. Assim como esta, muitos outros sofrem silenciosamente, sem saber com quem contar nessa luta desigual.


Não seria mais humano e produtivo, se antes de exigir dos poucos servidores existentes nas unidades judiciárias cumprimento de ordens de serviços com prazo de 24 horas, como querem alguns magistrados ainda imaturos para o exercício de tão nobre envergadura e responsabilidade, esses mesmos magistrados exigissem a regulamentação da Lei de Organização Judiciária para que os cargos ali ampliados sejam preenchidos o mais rapidamente possível?


Além disso, por que não exigir a capacitação dos antigos e novos servidores, com aplicação de cursos em suas regiões evitando o deslocamento dos servidores do interior para a capital para assistir palestras distantes de suas realidades?


E quanto aos titulares de cartório que assumiram o cargo sem a exigência do curso de Direito? Não deveria ser oferecido incentivo, seja financeiro ou de outra ordem, para a sua formação na área, adequando-os às novas exigências do cargo, assim como o está fazendo o Estado em relação aos professores sem formação acadêmica?


Por um lado, temos bons exemplos de magistrados que, investidos do seu papel social, não se sentem num pedestal; enxergam nos servidores colegas de trabalho e colaboradores no desempenho da prestação jurisdicional. Estes conhecem o verdadeiro sentido de justiça e valorizam o servidor, sem o qual, seus despachos, decisões e sentenças cairiam no vazio. Por outro, existem aqueles que estão no lado obscuro da força, e a estes seria recomendável que antes de assumir atitudes persecutórias ou de assédio moral, pudessem identificar onde estão os exemplos de trabalhos inovadores e dinâmicos desenvolvidos por iniciativa dos servidores, fato que levaria o judiciário também a avançar através da divulgação dessas práticas e a valorizar seus idealizadores, enfim, motivá-los pelo reforço positivo.


Os desvios de conduta devem ser coibidos certamente, mas para isso deve-se garantir o direito a ampla defesa. Inequívoco também é que condutas incompatíveis com o exercício da função ou até mesmo da condição de cidadão de bem não é privilégio apenas de servidores de menor graduação. A todos indistintamente deve ser cobrada uma conduta que prime pela ética e pela legalidade.


Há um ano, tivemos um congresso da categoria, oportunidade em que assistimos palestras sobre esse tema de grande relevância para a saúde física e mental do servidor. Muitas propostas de prevenção e acompanhamento permanente desses casos foram construídas e levadas à votação da plenária, mas onde estão os resultados de toda essa participação e discussão? O que tem sido feito para inibir o assédio moral e proteger as vítimas de seus perversos perseguidores? Com pesar nos perguntamos ainda, como sentir o aroma perfumado dos lírios (motivação) no trabalho diante dessa realidade que vem sendo construída pela omissão e/ou pela subserviência de quem pode e deve intervir?


Somos pelas relações democraticamente solidárias no trabalho!


Que os bons não se calem!!!


Movimento REDE.

2 comentários:

  1. Esta é uma questão grave. O assédio moral traz sérios prejuízos aos trabalhadores que são vítimas deles. No judiciário infelizmente essa prática também acontece. Alguns juízes se sentem deuses e qualquer contrariedade ou atitude que não seja de submissão do servidor faz com que tenham atitudes desprezíveis de humilhação e perseguição. Isso precisa ser combatido.

    Luciana

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  2. Vocês valorizam tanto o fórum debates quando agente posta um comentário que não agrada o grupo ou que não fala a mesma linguagem de vocês somos excluido e não autorizam a publicação dos comentários.
    É fica cada vez mais comprovado que vocês falam, falam e agem como os sindicatos que estão ai. Falar e criticar é muito facil, vamos vê se realmente faz a diferença.

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