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quinta-feira, 1 de julho de 2010

O NOVO SINDICALISMO



O sindicalismo brasileiro era marcado por seu caráter corporativista (vide texto da REDE sobre o assunto), pautado pela organização estatal iniciada na era Vargas.

O novo sindicalismo entra em cena no final da década de 1970, especialmente através das greves no ABC paulista. Promovendo a organização de trabalhadores do campo e da cidade, o novo sindicalismo transformou-se em um importante ator no processo político brasileiro, incorporando nas lutas sindicais, especialmente as de cunho político mais amplo, contingentes de trabalhadores que até então estavam alijados do processo político.

Dentre os desdobramentos dessa nova postura sindical destaca-se a organização, em 1993, de uma central sindical que atuaria a nível nacional, a Central Única dos Trabalhadores – CUT, construída à revelia da estrutura sindical oficial.

O surgimento do novo sindicalismo vai de encontro ao sindicalismo corporativista pré-64, brevemente apresentado no outro texto. Compreender esse processo e relacioná-lo aos nossos sindicatos é fundamental para que possamos avançar em nossa política sindical.

Ao longo do tempo, tendo em vista os processos históricos em constante movimento, os anos 90 trazem uma nova conjuntura, mudando a cena sindical. Insere-se nesse contexto o projeto neoliberal que atingiu de forma extremamente significativa a organização dos trabalhadores.

O SINPOJUD, fundado no início dos anos 90, seguido posteriormente de dissidência que resultou na fundação do SINTAJ, está dentro dessa conjuntura neoliberal. Mas como funcionam nossas estruturas sindicais? Estão situadas em que corrente? A qual central sindical estão filiadas?

Essas e outras questões estão à espera de discussão. Precisamos urgentemente trazer para o seio da categoria a discussão de temas como unicidade sindical, imposto sindical, partidarização sindical, entre outros. Urge promover a politização da categoria em questões importantíssimas como as citadas acima, cujos desdobramentos se refletem inexoravelmente na política sindical que os sindicatos adotam.

Tomar para si a responsabilidade de compreender as instâncias deliberativas das nossas entidades é nosso dever também. Temos as diretorias executivas, os conselhos de representantes sindicais, as assembléias da categoria e por fim o Congresso, realizado a cada três anos.

Todas essas instâncias têm o dever de discutir, de forma ampliada, as questões de interesse dos servidores. Não podemos resumir nossa participação sindical à contribuição mensal ou tão somente quando a discussão versa sobre percentuais de reajuste salarial.

Temas outros são tão importantes quanto o valor a ser acrescido em nossos vencimentos. A humanização nas relações de trabalho é imperiosa. O assédio moral é mais freqüente do que se imagina. A PEC 190 pode ser mais prejudicial do que benéfica.

Essas e outras questões se revertem, no médio e longo prazo, em quadros graves, uma vez que temos servidores estressados, acometidos de patologias laborais, causando prejuízos econômicos e profissionais, interferindo sobremaneira na qualidade de vida do servidor.

Enfim, muito precisamos avançar na construção de uma entidade sindical que ofereça o necessário suporte às demandas do trabalhador, envolvido nessa conjuntura neoliberal imposta por um patronato cuja lógica negligencia o servidor em suas necessidades elementares.


Movimento REDE.

4 comentários:

  1. Que bom que a REDE está de volta. Nesse momento onde temos um sindicato compromentido com interesses alheios aos da categoria, não devemos fazer as coisas de forma atropelada. Intituir verdadeiramente a discussão é o que precisamos, fazer tudo de forma amadurecida para não sofrermos mais com ações imtempestivas. Sei que a revolta das pessoas é imensa, e não vejo outra saída que não seja a mudança desse povo que parece que enraizou no sindicato. Estão com a mente enferrujada, pararam no tempo. A permanência no poder esse tempo todo trouxe vinculações indesejáveis com os poderosos. Está mais que na hora de mudar, pena que na eleição passada, com uma desvantagem imensa frente a chapa da situação, não mudamos a direção do nosso sindicato.
    Vamos em frente, porque as mudanças são necessárias e bem vindas.

    Márcia

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  2. Muito o bom o texto. Pontuar nossa categoria inserida numa classe social. Entendo que os "servidores" públicos não são servos e, assim como os trabalhadores do setor privado, vendem força de trabalho, tenham a escolaridade que tiver, usem ou não beca, toga, farda...
    Lembro-me que na década de 80, quando os trabalhadores do setor público adquiriram o direito à sindicalizãção, pensou-se em formar um sindicato ÚNICO de todas as categorias dos setor público - educação, saúde, justiça, segurança, fazenda e etc. Essa idéia de um ÚNICO sindicato representar TODOS os trabalhadores do Estado não deu certo.
    Parabéns e um abraço a todos(as) os(as) companheiros(as) da REDE.

    Antemar - comarca de Salvador.

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  3. Finalmente vejo uma luz no fim do túnel!!!!!!!!!Esse sindicalismo de fundo de quintal que tem sido visto pode agora ter outros rumos. Somente a discussão aprofundada de conjuntura, desdobramentos da mesma e a função que tem o sindicato dentro dela darão algum norte a essa situação. Os sindicatos nunca encaparam discussões como essa, pelo contrário. O SINPOJUD especialmente adota uma postura assistencialista, no bom e velho estilo "a amigos pão, aos inimigos pau".
    Parabéns pela visão ampliada do grupo de vocês.

    Josafá - Feira de Santana

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  4. Lucas (lucasnascimentosilva2@hotmail.com)3 de julho de 2010 às 05:54

    É preciso haver renovação nos sindicatos, mas de idéias e projetos, não apenas de pessoas. Hoje o que vemos são sindicalistas profissionais que aí estão há vários anos, ou à frente dos sindicatos ou tentando, sem sucesso, toma-los. Tivéssemos uma oposição competente, esta diretoria que aí está, não teria ganho a eleição com 80% dos votos. Gente, será que não vai aparecer nada novo para mudar este cenário? Serão sempre os mesmos sentados nas diretorias e sempre os mesmos fazendo oposição? Zezé vai se aposentar como presidente do Sinpojud e Edmo e sua turma vai se aposentar como oposição, a exemplo do colega Nazareno? Envelhecer tentando tomar, sem sucesso o sindicato? Acho que se Edmo e outros tivessem dedicado este tempo ao trabalho, estariam em situação bem melhor e deixariam espaço para novas pessoas e novas idéias. Renovação Já! Mas não apenas de pessoas!

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