Os servidores e o sentimento de orfandade
Imersos no turbilhão de acontecimentos que temos vivenciado no judiciário baiano desde o início do ano, sentimo-nos agora no olho do furacão. Mais devastador que todos os acontecimentos, incluindo aí o corte de ponto numa greve julgada pela parte interessada e realizado sem critério, é o sentimento de orfandade que os servidores experimentam nesse momento.
Esse sentimento de orfandade se configura em duas frentes. Num primeiro plano, sentimo-nos órfãos do TJ que tem adotado por décadas uma política de não valorização dos servidores, quando deixa de promover ações positivas no que tange à capacitação, remuneração justa e condições de trabalho. Ainda não se deu conta que arrocho salarial, falta de investimento nas condições de trabalho e medidas repressoras é o pior caminho para administrações eficientes e prestação jurisdicional satisfatória.
Sentimento similar é experimentado pelos servidores quando a questão é a representação sindical. Tragados pelo devastador processo que envolve a questão do adicional de função, os sindicatos “vacilaram” em vários pontos, no que seria uma tragédia anunciada. Numa categoria onde o que impera é a noção de grupo e não de classe, os sindicatos estão no meio do fogo cruzado, estando agora a pagar o preço da suas ações e omissões, juntamente com os vários grupos de servidores, infelizmente.
Como vítimas desse furacão, alternativas não restam a nós servidores senão avaliar os estragos e buscar as medidas emergenciais a serem tomadas. Não basta apenas socorrer os feridos, é preciso buscar as causas e adotar medidas preventivas para evitar desastres futuros.
Enfim, como tanto vemos nos noticiários sensacionalistas de plantão, após cada tragédia que acontece (guardadas as devidas proporções) só podemos agora recomeçar. E para tanto, nada pode ser construído em bases que não se sustentem.
Movimento REDE.
Vocês resumiram tudo! Órfã é como me sinto agora.
ResponderExcluirTanto pelo tratamento dado pelo TJ quanto por quem diz que me representa.
Como confiar no sindicato? se soubéssemos que seríamos "esmagados" pelos decretos e descontos sem sequer explicação ou satisfação por parte dos representantes da categoria,não teríamos aderido a uma greve que até aqui não existe nada de positivo alcançado!Apenas acumulou mais ainda as pilhas e pilhas de processos que estão sobre as mesas e prateleiras para o servidor cumprir, cumprir e cumprir!!! Ninguém merece!!
ResponderExcluirNão devemos confiar nos sindicatos, mas cobrar deles as posturas que se comprometeram ao assumir uma diretoria. Se estão perdidos e sem saber o que fazer que deixem o posto. Se tem interesses próprios que busquem outros meios para conseguír. O que não podemos é ficar a mercê dessa gente que diz uma coisa e faz outra, ou então não faz nada. Levantar a auto-estima da categoria não vai ser fácil, unir os servidores muito menos. Mas nós somos o sindicato e a diretoria que nos representa tem que entender isso!
ResponderExcluir"Numa categoria onde o que impera é a noção de grupo e não de classe..."
ResponderExcluirPerfeita a afirmação. Não possuímos nem a noção de "grupo para si" - parafraseando uma das categorias marxianas: os conceitos de classe em si e classe para si. Como os trabalhadores do Estado podem romper com a ideologia da "servidão" e adquirirem a ideologia de classe?
Sei que há particularidades candentes entre nós -trabalhadores assalariados de classe média,ou seja, "servidores públicos"(termo este carregado de nefasta ideologia) - e as outras categorias de trabalhadores. Mas pertencemos ao conjunto da classe trabalhadora brasileira. Precisamos criar esse sentimento de pertencimento de classe e dialogar com outras categorias de trabalhadores, pois aí sim, conseguiremos criar um "movimento social" amplo e externo, pressionando por mudanças democráticas no judiciário. Somos assalariados públicos do Judiciário do Estado da Bahia.
Pior é que tem dirigente sindical que “acha” que sindicato é para ajudar a pagar prestação na compra de carros para a categoria. Um sindicato-prestação de serviços para resolver "problemas" particulares e inviduais de cada funcionário da justiça deixando longe as questões coletivas, gerais ou estruturais da comarca. Uma ação sindical que gera despolitização.
Parabéns pelo texto. Um abraço a todos.
Antemar Campos
comarca de Salvador
Caro Antemar,
ResponderExcluirIsso nunca ficou tão claro como agora.
Também já ouvi numa assembléia uma frase que dizia "farinha pouca, meu pirão primeiro". Isso diz tudo! Ao longo dos anos temos visto a defesa de consquistas por setores. É conqustas pra grupo A, B ou C, porque é melhor garantir pra um e depois brigar pelo resto. Sabe qual o resultado disso? Você tenho certeza que sabe! Uma categoria que pensa em bloco, quando não individualmente.
Abraços.
Há se podessemos voltar a novembro do ano passado. Como teria sido diferente esta greve. A condução certamente seria outra. Mas, não vamos chorar o leite derramado. Esta diretoria que esta ai no sinpojud foi eleita, e a ela cabe todo o ônus deste furacão. Conversada fiada de querer tomar o sindicato. Tão com medo do que? Meu avô já dizia diretores sindicais, quem não deve não teme. Agora vcs se resfastelaram com adcionais de funções no mínimo imorais, pois não estavam exercendo funções nenhuma no TJ, e querem que a categoria se solidarize com vcs. Não venham pedir isso a nós. Vcs se venderam. E agara vão pagar o preço do olho grande. Vcs estão demoralizados. Se eu fosse vcs renunciaria. A categoria quer isso. E vcs devem isso a ela.
ResponderExcluir" Numa categoria onde o que impera é a noção de grupo e não de classe..."
ResponderExcluirO colega Antemar aí disse tudo, não só em um plano marxista, como decorrente do próprio bom senso, era cristalino que um movimento paredista não poderia avançar, com um mote de dividir ainda mais a categoria, através da retirada de direitos decorrentes de Lei e pagos durante 19 anos. Como iria prosperar o sentimento de categoria, se atiramos uns nos outros. Não é reduzindo o salário do meu colega que melhorarei o meu. E a prova foi o que aconteceu, se tirou R$ 3,000,00 de quem ganha ADF, e R$ 1,000,00 de quem não ganha. Ou seja, todos perderam. Será que só agora depois de 20 anos o adicional se tornou imoral? Parabéns colega Antemar pela lucidez e coerência do comentário.