Em qualquer conjuntura, especialmente numa conjuntura eleitoral, é inevitável e que se façam questionamentos e especulações. Nessa perspectiva, os discursos ganham forma, que não se traduzem, necessariamente, em fatos concretos.
No nosso caso específico, interessa-nos a reflexão acerca do momento eleitoral do nosso sindicato, momento esse que não se encerra nele mesmo, mas que se transporta para vários outros momentos de sua atuação política, e que diretamente traz reflexos na vida funcional/profissional dos seus representados, filiados ou não.
Seria oportuno perguntar: Como se gesta a formação política de uma categoria? Como se constroem e se consolidam as lideranças?
Indo por partes, tecemos algumas considerações á respeito da formação política de uma categoria. Formar politicamente deve ser exercício contínuo, que se traduz numa relação dialética onde é oportunizado o debate de ideias. Não é mera transmissão de conhecimentos através de palestras, seminários, ou apresentação de dados. Tudo se torna inócuo se não se estabelecer uma relação dialógica entre os envolvidos nesse processo.
Nossa categoria padece sobremaneira da falta de formação política. O reflexo direto dessa situação transparece em assembleias e fóruns de discussão esvaziados quando a motivação não é financeira. Discutir relações e condições de trabalho parece enfadonho para muitos, que deixam passar despercebidos esses aspectos e suas consequências em sua vida funcional, por exemplo.
Quantos delegados sindicais, quando existem nas comarcas, não têm grande dificuldade em reunir colegas para discutir assuntos de interesse do coletivo, pois há uma cultura de que o que não lhe atinge diretamente não interessa? Nesse caso, evidente fica a falta que formação e consciência política fazem.
Outro ponto contundente é a reiterada expectativa por “salvadores da pátria”. Espera-se que surja alguém com o discernimento pra empreender lutas eminentemente coletivas, cujo desdobramento mais nocivo é a criação maniqueísta de “mitos e monstros”, que estariam relegados aos contos de fadas, caso houvesse uma formação política consistente.
Vinculado diretamente à formação política está a construção de lideranças. Ora, de onde mais surgiriam essas lideranças se não do exercício de politização? Voltamos mais uma vez à nossa categoria, quantas lideranças foram identificadas e fortalecidas ao longo desse tempo? Diríamos que muito pouco, quase nada.
Das que aí estão ou estiveram, muitas foram gestadas no pleno exercício de formação política dos grêmios estudantis, dos grupos de jovens da Igreja, de associações das mais diversas, da orientação político-partidária que receberam. Muitas vieram alçadas a reboque, algumas evoluíram politicamente, outras não.
No bojo dos questionamentos e especulações é natural, e até mesmo salutar, a avaliação das lideranças existentes, sem perder de vista a motivação da ausência de novas lideranças. Fala-se em lideranças oportunistas, que surgem sempre em momentos eleitorais. Não podemos deixar de falar das lideranças oportunistas de plantão, presentes em vários momentos, que com perfil personalista chamam pra si os louros de embates e conquistas coletivas.
É preciso reconhecer as boas lideranças. Comprometidas não com projetos pessoais, mas com o coletivo. Embora escassas, elas existem. Daí uma pergunta: Como diferenciar lideranças e lideranças? Mais uma vez, vem a necessidade da formação e consciência política, que oferece subsídios pra entender que discurso não é verdade absoluta e sim verdade projetada. A diferenciação, portanto, se dará no campo das ações; estas sim balizadoras para decidir por onde seguir.
Movimento REDE
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